Na
metade do século XIX, as fontes de informações sobre a vida capixaba eram
escassas. As publicações de livros eram raras, a imprensa pouco publicava e
somavam-se a isso os amiúdos relatórios apresentados pelos presidentes à
Assembléia Provincial.
A
monotonia imperava entre as falas dos governantes. Sem o devido zelo jurídico,
absorviam os criminosos com lamentável facilidade. Não perdiam tempo em tecer elogios
ao trabalho nas colônias e de criticar a falta de iniciativa em melhorar as
necessidades do culto religioso e das deficiências do ensino e das estradas.
É
oportuno observarmos, que em sua maioria, os presidentes que estiveram à frente
da província eram despreparados e poucos zelosos, ambicionando apenas um cargo
de debutado geral.
Nos
jornais, os artigos eram basicamente sobre a administração e política de aldeia
onde se lia as clássicas disputas de idéias entre governo e oposição.
A
população era por demais melancólica e não aspiravam qualquer progresso tanto
na Capital ou no mais distante distrito da província. Se não bastasse, não se
encontrava por aqui, nenhum empreendimento marcante tanto material quanto
social. Ainda perseverava no campo métodos antiquados de cultura.
O
café passou a ser o motor econômico capixaba, todavia não se comparou ao
patamar obtido, com essa cultura, no estado do Rio de Janeiro. Por se tratar de
uma província que a muito vivia no esquecimento, as realizações ocorridas no governo
de D. Pedro II demoraram grandemente para ecoarem no espírito Santo.
As
doenças multiplicavam-se. A febre Amarela se propagou por todo o território.
Mesmo precariamente, o governo interveio e forneceu medicamentos gratuitos e
assistência médica. A varíola, cólera e a fome vitimaram centenas de pessoas. A
cólera, desde sua aparição em 1854, segundo um ofício de 1855 vitimou mais de
1000 pessoas. Somando-se a essas, numerosas outras doenças castigavam o povo
capixaba: Febres intermitentes, coqueluche, asma e epidemia de disenteria sanguínea. Em meio a esse caos, a saúde pública praticamente inesistia.
simultaneamente durante o período em que as doenças ceifavam muitas vidas dos colonos
capixabas, ocorreu a
luta contra o tráfico marítimo de negros escravos no Espírito Santo.
A
Inglaterra intensificou sua postura de não escravidão ao pressionar o Brasil contra
o comércio de escravos, inclusive em terras brasileiras, numa clara afronta à
soberania nacional.
Devido
o crescimento do cultivo de café, a mão de obra advinda da África era o que
mantinha o plantio cada vez mais rentável. Perder os braços que supriam as
lavouras traria fortes consequências econômicas, uma vez que os surtos de
doenças havia ceifados muitos escravos havia a necessidade de se repor as “peças”
perdidas.
O
governo intensificou o combate contra o tráfico tanto em terra quanto em mar.
Eusébio de Queirós, então à frente da pasta da Justiça, coube a tarefa de
conduzir essa grande empresa: Em terra contra os grandes proprietários rurais,
sustentáculos do regime, e em mar, contra os negreiros solertes. Havia pela
província poderosos opositores à iniciativa de por fim o tráfico negreiro o que
exigia policiamento ativo e, às vezes, em parceria com a Marinha de Guerra que
ficava em constante vigilância no mar. Todavia, apesar dos esforços em combate
ao tráfico, alguns barcos conseguiram burlar a vigilância e desembarcando
negros escravos em território capixaba.
No
que diz respeito aos aspectos populacionais, Tristão de Alencar Araripe, enquanto
exercia funções de chefe da policia da província, praticava um recenseamento em
1856. Ao que se entende, as distribuições em números de 36.823 homens livres e
12.269 escravos, ocorreram (dos livres) segundo suas profissões, onde os
médicos se encontravam em números precários, enquanto os pescadores em número
elevadíssimo, o que prova a prosperidade da indústria da pesca. Em 1857, mesmo
com a proibição européia de emigração para o Brasil, cerca de 160 alemães
chegaram ao Espírito Santo, todavia, pouco tempo depois o presidente da
província já denunciava a resistência dos colonos em que seus filhos
aprendessem a língua portuguesa, mesmo mantendo o ensino do alemão na escola
local.
Ainda
nesse paradigma, a falta de mão de obra na província era altamente denunciada,
onde o fluxo imigratório para a província era tremendamente requisitado. O
comércio com Rio de Janeiro se fazia quase que exclusivamente, onde então a
província importava artigos dos quais necessitava. Pelo fato dos produtos das
lavouras da província se escoarem também para além mar, o progresso da
agricultura se fazia dependente da navegação.
Não
demorou muito para a questão da educação fosse requisitada na província, e na
tentativa de atender essa necessidade, em 1854 foi instalada o Liceu da
Vitoria, a primeira biblioteca pública no anseio de habilitar a mocidade nos
estudos exigidos nas academias do império. Tal anseio em que o povo buscava, o
aprimoramento intelectual surgia como que um incentivo aos governantes a
procurarem soluções para problemas crônicos de todo o Brasil. A idéia era que a
instrução pudesse permear todas as classes da coletividade nacional, no
entanto, a carência de mestres se fazia visível na província, profissionais
esses demasiadamente importantes.
Para explicar esse quadro constrangedor, levamos em consideração ainda outros demasiados problemas como Costa Pereira enumerava: grandes distancias territoriais existentes entre os alunos e as escolas, onde a falta de transporte era um fator predominante; o demasiado preconceito das classes menos cultas em agregar valores relevantes e úteis para haver subsistência e abastança através do estudo; a pobreza de grande parte da população que desvinculava os filhos da escola para poderem auxiliar no serviço, aumentando assim a renda da família. Não obstante, o investimento na educação ia insistentemente sendo ampliado com instalação de novas escolas, oferecimento de maior número de matriculas, implantação do ensino secundário, aulas noturnas entre outras medidas.
Para explicar esse quadro constrangedor, levamos em consideração ainda outros demasiados problemas como Costa Pereira enumerava: grandes distancias territoriais existentes entre os alunos e as escolas, onde a falta de transporte era um fator predominante; o demasiado preconceito das classes menos cultas em agregar valores relevantes e úteis para haver subsistência e abastança através do estudo; a pobreza de grande parte da população que desvinculava os filhos da escola para poderem auxiliar no serviço, aumentando assim a renda da família. Não obstante, o investimento na educação ia insistentemente sendo ampliado com instalação de novas escolas, oferecimento de maior número de matriculas, implantação do ensino secundário, aulas noturnas entre outras medidas.
Outro
problema digno de salientar nessa abordagem era a questão da segurança. Nesse
paradigma uma Guarda Nacional foi solicitada, principalmente depois da
insurreição de queimados, onde o presidente Siqueira reforçava a esperança na
importância do alistamento dos capixabas assim como o preparo e o manejo
militar.
Em
1860, no ato de cumprir sua promessa, o imperador então vista o Espírito Santo.
Desembarcando em vitória, logo a após a cerimônia do beija-mão, percorreu por
alguns estabelecimentos públicos da capital e durante os próximos dias, num
total de duas semanas e de cavalo ou a canoa, percorreu por todas as colônias,
reparando templos, observando onde havia necessidade de investimentos e assim
contribuindo financeiramente com o seu famoso “bolsinho”.